15 de jun. de 2010

... o que não foi vivido o que não foi sonhado o que não foi sentido está tudo lá numa caixa pequena embaixo da cama e à noite os cupins roem roem roem e em breve será pó que será varrido e depois jogado na lata de lixo que na manhã seguinte vai pro caminhão onde outra vez será triturado depois jogado num imenso lixão onde tudo queima fogo lento que nunca se apaga solo condenado onde não se edifica destinado a ser nada eternamente nada onde tudo queima meus olhos vermelhos mãos em carne viva tudo reciclado num poema sem verso sem rima sem ponto sem nó sem sentido onde tudo queima ainda assim poema do que não foi vivido do que não foi sonhado do que não foi sentido ...

5 comentários:

  1. vertiginoso poema que se auto recicla... gostei!

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  2. negação é a substância do não vivido sonhado sentido entretanto substância poética possibilitando corpo físico à abstração.
    gostei muitíssimo.
    beijos

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  3. Da combustão à fénix, a palavra.
    Mesmo sem as mesmas penas, mesmo sem as mesmas asas a que está fadada a memória da escrita.

    M-a-g-n-í-f-i-c-o.

    Só mesmo você para tal façanha.

    Beijos, com imenso carinho e admiração mais que sentidos.

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  4. o nada em meio ao pó que será varrido,
    em meio às chamas que queimam o "que não foi vivido do que não foi sonhado do que não foi sentido". ainda assim disso se fez o poema. Gostei muito. abraços.

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